Como fazer uma Casa da Árvore 2 – fixações na árvore

Esta é a segunda parte do projeto casa da árvore. Já vimos os preparativos e as fundações. Vamos analisar agora as fixações na árvore.

Este tema é muito importante… Numa árvore alta e uma casa unicamente fixada nesta, toda a estrutura assenta nestes pontos, pelo que a questão da segurança deve ser enfatizada. Facilmente se colocam 2 toneladas de madeira (e humanos pequenos e graúdos) em cima da estrutura, pelo que os pontos de suporte têm de ser capazes (e a árvore também).

Fixações na árvore
Uma das duas fixações principais da estrutura na árvore.

O básico dos suportes/ fixações na árvore

  • Usar o menor número possível de fixações na árvore: melhor um furo grande do que vários pequenos
  • Cada furo é uma “ferida”, nunca se devem fazer furos próximos, especialmente na vertical, pois as “feridas” tendem a juntar-se, apodrecendo o local de fixação
  • Pregos na árvore nunca são boa ideia: Para além da agressão, tendem a soltar-se facilmente, com o crescimento da árvore
  • Furos em profundidade não são piores para a árvore do que furos superficiais, e dão fixações mais seguras: A camada “viva” do tronco são os anéis mais externos.
  • Fixações específicas são muito caras, mas muito seguras. Grandes espessuras de aço carbónico (estrutural) temperado em varões roscados são baratas, mas implicam trabalho a adaptar.
  • Lembrar que o aço não é todo igual: Inoxidável é ótimo contra a corrosão mas tem menos resistência que aço estrutural classificado; Aço 8.8 é resistente, de fácil aquisição, e o preço é razoável. Tem de ser galvanizado ou zincado para melhor proteção de corrosão.
  • Parafusos grandes são caros, mas necessários.

Ferragens de fixação à árvore

Existem fixações específicas (Treehouse Attachment Bolt) para casas construídas em árvores. São mais resistentes e permitem movimentos da árvore independentemente da estrutura. Estes movimentos são pequenos mas muito poderosos, pelo que devem ser equacionados. É isso ou esperar que um dos elementos ceda (madeira ou parafuso).

Fixação profissional para casas na árvore
Fixação profissional em aço temperado, do criador original deste tipo de fixação.

Os movimentos da árvore são de especial consideração numa construção alta (os movimentos da árvore são maiores quanto mais longe do seu fulcro – o chão), e numa árvore mais fina, e, por isso, mais flexível. Não esquecer que a parte mais alta das árvores é também a mais fina, pelo que os movimentos são proporcionalmente ainda maiores.

Efeito do vento sobre o tronco da árvore
Efeito do vento no tronco da árvore: Fixações mais altas sofrerão maior deslocação relativa do tronco

Fixações na árvore: Lag bolts, Tirefond ou Tirafundos

Muito procurei lag bolts (tirefond, tirafundo) de 1 polegada de diâmetro (cerca de 2,54cm) de diâmetro, sem grande sucesso, pelo menos com preços aceitáveis. É ainda difícil arranjá-los em aço (muitos são de ferro). Depois têm de ter comprimentos na ordem dos 20 cm de penetração na árvore, o que dá (pelo menos) 24cm de parafuso. São monstruosos.

Acabei por comprar de 16mm de diâmetro e 16cm de comprimento para fixações acessórias, por exemplo, na ancoragem de “joelhos” a 45º à árvore. Estes servirão ainda para fixações seguras da estrutura de madeira.

Fixação na árvore com varão roscado aço 8.8
Esta é a fixação da viga principal na árvore. Varão roscado de aço 8.8 de 20mm. O “Joelho” do lado esquerdo está fixado à árvore com um Tirefond 16*160mm.

Fixações na árvore: Aço roscado 8.8

Rendi-me a utilizar varões de aço 8.8 roscado de metro. 8.8 é a classe de resistência, e neste caso o primeiro “8” refere-se a 800 N/mm² de resistência a tração e o “.8” a 80% desse valor em tensão de limite elástico. Mais vulgarmente utiliza-se aço sem classificação ou 4.8, que tem  metade da resistência. Por isso cuidado ao comprar. Normalmente o varão é pintado numa das pontas: Amarelo significa 8.8.

Aço roscado 8.8
Aço 8.8 roscado em varão (note a marca amarela – classe 8.8)

Estes varões podem ser cortados com uma rebarbadeira (ou serra, se houver paciência) na medida pretendida. Com algum esforço, um varão de pode ser inclusive atarraxado na madeira. A sua rosca está construída para aperto com porca métrica e não em madeira, mas a resistência à tração não é a característica que procuramos: É a resistência de cisalhamento, a resistência à dobra ou quebra quando aplicada a força da estrutura construída.  O truque para usar uma rosca métrica que fique fixa na madeira está em usar uma broca de madeira 1-2 mm mais fina do que o diâmetro nominal do varão.

Depois ainda é preciso a chave de impacto, paciência e lubrificação, pois o atrito gerado pela rosca é imenso. Na ausência de chave de impacto, ou se o atrito for demasiado, é necessária uma chave de canos (chave de tubos, chave stillson ou grifo) ou um tubo de aço comprido para fazer rodar uma chave de bocas normal. No meu caso usei azeite para lubrificar a rosca. Pareceu-me bem tratando-se de uma oliveira…

Pré furação para fixação de parafusos na árvore

Depois de escolher o local da fixação é necessário furar. Não existe inconveniente em furar a árvore de lado a lado. Isto até pode ser vantajoso, permitindo com o mesmo furo e maior resistência, fixações nos dois lados. Neste último caso a broca deve ter o mesmo diâmetro do parafuso a introduzir. Caso contrário, a furação deve ser equivalente ao menor diâmetro (interior) do parafuso. No caso de um Tirefond de 16mm nominais será cerca de 12 mm o diâmetro interno.

trados de madeira
Brocas de madeira grandes (trados – “auger”).

Ao fazer a furação, marcar na broca com fita adesiva a profundidade desejada, esta resultado da subtração ao comprimento nominal do parafuso da espessura do material a fixar na árvore. Ou seja, tábua de 4cm mais anilhas = furação de cerca de cerca de 11cm para um parafuso de 16cm. Usar um nível para furar horizontalmente e confirmar frequentemente. Usar a velocidade menor (maior binário = força) do berbequim. Estas brocas progridem muito bem mas exigem muito binário do equipamento (agarre-o com segurança).

Furo em oliveira para fixação de aço roscado
Furo para fixação numa árvore, neste caso de 18mm. Note e não repita o erro no corte do ramo. Primeiro cortar de baixo para cima e depois de cima para baixo, para evitar a queda e arranque pelo peso.

Fixar um varão roscado e usá-lo como parafuso à medida

Um varão roscado (ver acima) não tem “presa” para chave. Se a fixação é de lado a lado, introduz-se no furo e aperta-se com porcas de ambos os lados. Caso contrário, corta-se a medida pretendida e colocam-se duas porcas num dos lados, na extremidade. A porca mais externa aperta contra a interna e não rodará mais, permitindo o aperto de todo o conjunto.

Não é suposto ser um aperto fácil. Prepare-se para usar um tubo de aço para desmultiplicar a força ou a chave de tubos (Stillson, grifo) maior que encontrar.

Apertar fixação na árvore; chave stillson, chave de tubos, grifo
Quando a madeira é dura e o varão comprido, tem mesmo de ser com chave de tubos. Ainda bem que nos podemos revezar com um amigo… Note-se o pormenor da marca com fita adesiva, já perto da árvore, que determina a profundidade desejada.
Pormenor de estrutura de madeira fixada numa árvore
Se a árvore estiver inclinada pode afastar a estrutura (não convém que fique encostada) com uma ou mais porcas

Fixações na árvore: cuidado

Não menospreze este subtema. A falência destes suportes coloca em causa toda a sua estrutura. É melhor errar por excesso. Se não usar TAB’s, use uma varão de aço temperado 8.8 adequado. Existem disponíveis com 30mm de espessura, e são mais baratos do que parafusos equivalentes.

Note que nos exemplos acima a estrutura tem vários pontos de suporte ao chão, sendo a árvore responsável por uma pequena parte do peso a suportar.

De lembrar ainda que existe sempre um elo mais fraco, e esse pode ser a árvore. Escolher bem a mesma!

A estrutura acima tem dois pontos de fixação. No cimo ao centro vemos um varão de aço roscado, em baixo um Tirefond 16mm. Os “joelhos” estão fixos com parafusos de 12mm no suporte horizontal

 

Segurança no trabalho, projetos mais felizes

Este artigo abrange todos os aspetos de segurança e material de proteção relacionados com os passatempos/hobbies. Todos derivam dos necessários para os profissionais. O problema é que os profissionais tiveram treino específico, por vezes regulamentado e obrigatório. Aqui ficam algumas dicas sobre como trabalhar melhor, sem surpresas infelizes.

Este artigo não pretende substituir formação específica ou ser exaustivo, apenas alertar para os pormenores mais básicos dos aspetos relacionados com material de proteção e segurança, sobretudo no âmbito do que conheço melhor e já usei.

Só temos um corpo, temos de o preservar.

O vestuário para trabalhar

Como mínimo, a roupa deve cobrir todo o corpo. Isto é válido para a maioria das artes. Manga comprida, mesmo no calor, protege contra salpicos de produtos químicos, projéteis a baixas velocidades (rebarbas de metal, fragmentos de pedra), sol (não menosprezar) e diminui lesões relacionadas com farpas de madeira, arranhões, etc.

Pessoalmente gosto de usar calças de trabalho, porque são mais largas, confortáveis e resistentes que calças normais, por um preço por vezes bem mais barato (25-35€ por boas calças). Têm ainda muitos bolsos e, normalmente, locais para colocar joelheiras.

Joelheiras universais para calças de trabalho
Joelheiras universais para cortar à medida e colocar em calças de trabalho

Uma camisola de manga comprida e, eventualmente, um colete com mais uns bolsos completam a indumentária.

O calçado de segurança

Botas de trabalho são mais baratas do que ténis, duram mais e não são comparáveis em termos de proteção contra dissabores. Qualquer calçado de trabalho será melhor do que o que tiver lá por casa, mas, como características a procurar, tem:

  • Sola resistente a óleos; eventualmente resistente a altas temperaturas
  • Sola com proteção, pelo menos básica, contra perfurantes (pregos)
  • Preferencialmente de “cano” alto
  • Confortáveis e adequado à estação (alguns são específicos de verão ou inverno).
  • Com biqueira de aço ou plástico duro, para proteger os dedos dos pés.
Botas de segurança e calças de trabalho
Botas de segurança e calças de trabalho. Ao nível dos joelhos podem ser introduzidas esponjas para proteção dos mesmos

Calçado deste tipo começa nos 20€. Experimentar, valorizar o conforto e pensar bem no que se pretende. Existem galochas e sapatilhas com estas características, tudo depende dos trabalhos a realizar e do conforto pretendido. Um engenheiro ou fiscal pretende algo com que possa deslocar-se entre locais sem ter de trocar de calçado. Um trolha pretende funcionalidade e polivalência (conforto, impermeabilidade, resistência). Um eletricista poderá abdicar de alguns destes aspetos (não todos!) e um pedreiro poderá beneficiar de mais alguns (nomeadamente maior resistência a impactos).

Acessórios de proteção individual

Óculos de segurança

Uso sempre proteção ocular. Mesmo no meu trabalho diário esta é importante contra, por exemplo, salpicos de sangue durante um parto ou cirurgia.

Óculos de segurança
Óculos de segurança em policarbonato transparente.

Há vários tipos de óculos de proteção, seja ela genérica ou específica. Não me vou debruçar sobre proteção específica para, por exemplo, soldadura.

Os óculos de proteção são habitualmente produzidos num material chamado policarbonato. É um material plástico muito resistente contra impactos, e com característica óticas muito boas. É o mesmo material que compõe muitas das lentes dos óculos de sol normais.

As diferenças entre marcas situam-se, sobretudo, na durabilidade, conforto e  revestimentos (por exemplo anti-riscos e anti-embaciamento). Sendo um plástico, é realmente sujeito a riscos, pelo que se deve ter cuidado na sua limpeza (água e sabão, sempre).

Para não embaciarem, os revestimentos ajudam, mas nada como os manter limpos! Óculos perfeitamente desengordurados não embaciam tanto.

Uso dois tipos de óculos:

  • Os “normais” ou abertos para trabalhos genéricos (e maioria das situações). Estes são mais frescos, não incomodam e providenciam boa proteção.
  • Os fechados são importantes para trabalhos com grande quantidade de material projetado (rebarbar aço, cortar pedra, aplainar madeira, lixar). São mais difíceis de usar oferecem melhor proteção.

    Óculos e máscara de proteção contra poeiras nocivas.
    Proteção contra poeiras nocivas. Óculos fechados e máscara.

Em relação à cor das lentes, esta é habitualmente transparente (mais usual), escura (trabalhos ao sol) ou amarela (melhor contraste em situações de pouca luminosidade).

Máscara

Desde uma simples máscara para poeiras, descartável, até uma máscara para vapores com filtros substituíveis, há uma panóplia de opções nestes produtos.

Gosto das máscaras simples, descartáveis com válvula, já que o seu uso é esporádico. Para construir a casa da árvore, adquiri uma com melhor proteção, já que a madeira tratada em autoclave requer cuidados com as poeiras.

Máscara de segurança para poeiras
Máscara descartável adaptável, com válvula

Capacete

Um capacete plástico básico é requisito num local de construção, para todos. Não o usar é… arriscar. Que o digam todos os que, como deu, já deram umas cabeçadas desnecessárias…

No entanto, um chapéu com proteção dura pode ser um ótimo substituto, e até mais confortável. Dão também proteção para o sol. Adquiri um desde o último encontro imediato com um viga.

Capacete de proteção, óculos, luvas
Capacete de proteção clássico, óculos, luvas.

Luvas

Devo começar por lembrar que as luvas se devem ajustar convenientemente ao tamanho da mão. Como cirurgião, posso atestar que os meios tamanhos fazem toda a diferença na destreza dos gestos. Habitualmente não se encontra este pormenor em material de proteção para bricolage, mas desconfie de luvas com tamanhos “pequeno” e “grande” apenas, ou luvas com tamanho “7-9”. Ou é 7, ou 8, ou 9…

Para trabalhos pesados, com material com possa magoar as mãos, nada como umas boas luvas de cabedal.

Para trabalhos com óleos e outros químicos não perigosos, luvas cirúrgicas de vinil descartáveis não esterilizadas vendem-se em pacotes de 100 e são ótimas. O látex pode deteriorar-se mais rapidamente em contacto com hidrocarbonetos (óleo do carro, por exemplo) pelo que vinil será melhor opção.

Como luva polivalente, gosto de um bom par de luvas de nitrilo. São em tecido elástico, com revestimento flexível aborrachado, fino, com boa aderência e suave. Dão proteção razoável e ótima destreza, quando o tamanho é adequado.

Luvas de trabalho
Luvas flexíveis com revestimento em nitrilo. As minhas favoritas.

Trabalhos em altura

Tenho que avisar que, o melhor… é não os fazer. Não é à toa que indivíduos são especializados neste tipo de trabalhos. É claro que subir um escadote ou caminhar num andaime é já um trabalho em altura, e não deve ser menosprezado.

Se vai subir a uma escada tenha uma boa escada. Eu sei que parece filosofia barata, e me estou a repetir com a questão da qualidade, mas uma escada ou escadote tem de ser estáveis e estar em bom estado.

A trabalhar numa árvore ou telhado, como mínimo, um arnês (do tipo de escalada, por exemplo) com uma boa corda pode salvar-lhe a vida em caso de azar. Não esquecer que fazemos a nossa sorte!

Arnês de proteção
Arnês de proteção

Conclusão

Para além de uma ótima dose de bom senso e observação de boas práticas de segurança adequadas ao trabalho em questão, estes são os itens que devem estar a par do conjunto de ferramentas. Boas ferramentas e trabalhos fáceis são perigosos à mesma. O ideal é nunca facilitar. Nunca sabe se terá uma segunda.

 

Doação de esperma e inseminação nos centros públicos de PMA

Foi recentemente publicada a regulamentação da revisão da lei da PMA 17/2016, de 20 de junho. Fiz um pequeno comentário aqui. Muitas mulheres (e cidadãos) vêm com agrado esta alteração e a equidade que a mesma transparece. O que a comunicação social não se apercebeu é do problema antigo em relação à doação de gâmetas no SNS, nomeadamente esperma.

O panorama atual das listas de espera para PMA

Nos centros públicos não existe infraestrutura montada para dar resposta ao esperado aumento de procura dos tratamentos em geral. Basta ver as listas de espera para tratamento, que se aproximam de um ano em alguns locais. Resta esperar para ver de que afluência estamos a falar e que impacto terá no panorama atual.

Mas este nem será o maior problema. O maior problema relaciona-se com a capacidade instalada no público para fornecer gâmetas masculinos de dador (esperma) para os tratamentos de casais que dele necessitem (sejam de mulheres ou heterossexuais), ou mulheres sem parceiro.

Como se processa atualmente a doação de gâmetas em Portugal?

Neste momento existe um único centro público que colhe, armazena e utiliza estes gâmetas de dador. Este centro apoia, na medida das suas possibilidades, os restantes centros públicos quando o tratamento passa por doação de gâmetas (esperma e ovócitos). O CHP (CMIN) assumiu este difícil compromisso e contou com pouco apoio até agora. Os tratamentos com doação de gâmetas (especialmente ovócitos) doados tendem a ser muito demorados.

recrutamento de dadores de sémen (esperma)
Campanha Australiana de recrutamento de dadores de esperma

Vários centros privados fazem banco de esperma (e de ovócitos) para uso próprio, outros importam na medida das necessidades para os seus tratamentos. Esta flexibilidade permite uma resposta mais célere às solicitações, que, infelizmente, ainda não existe nos centros públicos.

O problema da falta de dadores de esperma e ovócitos

Tem sido difícil recrutar dadores em Portugal. Pode passar por um problema cultural ou de desconhecimento. Falta de publicitação ou não, é um problema que se arrasta há alguns anos.

Campanha de doação de esperma de uma clínica privada espanhola (Instituto Marqués)
Campanha de doação de esperma de uma clínica privada espanhola

Acresce que vários voluntários não passam ainda o crivo para poderem ser dadores. Isto diminui ainda mais a oferta.

Em Espanha a publicidade tende a ser bastante agressiva. Talvez por isso mais eficaz e permita a exportação destas dádivas.

Campanha de doação de ovócitos de uma clínica privada espanhola
Campanha de doação de ovócitos de uma clínica privada espanhola

Talvez precisemos de algumas campanhas e, sobretudo, de visibilidade sobre este problema no panorama nacional dos media.

Recompensa económica na doação de esperma e ovócitos

A lei proíbe qualquer tipo de recompensa económica aos dadores, tal como qualquer dádiva de tecidos ou células: “é voluntária, altruísta e solidária, não podendo haver, em circunstância alguma, lugar a qualquer compensação económica ou remuneração” (Lei 12/2009)

Isto inclui os gâmetas. É dada no entanto uma compensação proporcional ao incómodo/perda causado pelo ato (despacho 5015/2011). Doação de esperma 0,1 e doação de ovócitos 1,5 do Indexante dos Apoios Sociais (419,22€ em 2016). No caso da doação de esperma, cerca de 41€ por dádiva (colheita), e cerca de 630€ por dádiva de ovócitos.

O que é necessário? Quem pode ser dador?

Homens entre os 18 e 45 anos e mulheres entre os 18 e 34 anos, saudáveis, são candidatos à dádiva. É necessária alguma disponibilidade para comparência para avaliação médica, eventualmente psicológica, e alguns exames.

Existe algum perigo na doação de gâmetas?

É um processo seguro, com poucos riscos (mulher) ou quase nenhum (homem).

A aplicabilidade da inseminação artificial em mulheres sem parceiro/casais de mulheres em centros públicos

Não há dúvida que a lei é clara, e os centros públicos terão de dar resposta aos novos casais/mulheres que querem e podem beneficiar de tratamentos de PMA. No entanto, a curto prazo, muito terá de mudar para que a resposta seja tão pronta quanto se pretende.